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Embora como consequência de ambas
(a realidade do sistema em que inserido não me submeto
e as exigências da alma ou limites por esta impostos
á minha inferior mas obediente personalidade)
pelo que me é entendido perceber
(em profundas e angustiantes reflexões nestes últimos e alongados tempos)
tive que perante tais evidências maiores render me
e resignado descansar as armas kármicas que não populares
mas dependentes da minha natural demiurgia
sempre encrostadas nas aveludadas paredes internas do meu pulmão
e ao coração entrelaçadas por finíssimas artérias
de um dourado tom inexistente
sangram agora um azul plúmbeo e melancólico
que em cristais congelam e derretem como lágrimas rebeldes
que por instantes ao serem por mim arrancadas (o seu amo)
choram ainda descrentes a minha inerte e indómita dor
mas há muito que suspeitavam de mim pois já antes
(noutras condições abstractamente semelhantes)
observaram e por isso sabem
de uma nova e eloquente perseguição por outros trilhos
e do meu sempre novo renascer das próprias cinzas
onde sequiosos rios voláteis percorrem a mente
e aquosos compulsivos ventos penteiam em oscilações
as ímpias muralhas do meu dilecto coração
e aos membros (espremidos até á última gota)
apenas restam alguns pedaços da insolente carne
pois a tenra alma insónia e inocente
esgotou se em permanentes lutas fastigiosas
e solicitou o chamamento insonoro do espírito
que já não viaja pelo trilho outrora ignóbil
mas sumptuosamente penetra veemente as palavras convenientes
materializando as noutra insólita dimensão
para que o ânimo desfragmente
e as exigências da carne sejam saciadas
ao meditar sobre um novíssimo sorriso
que não esmoreça logo após a sua formação
mas que recuse compreender
o profundo e ambivalente significado da vida
para que a morte em respiração
não se apodere novamente de mim á força.